A media deontologia e o segredo de justiça

Henrique Monteiro, director do Expresso escreveu assim esta semana:


"Se eu tivesse as escutas publicá-las-ia? Dependeria de uma análise cuidada. A função da imprensa é diferente da função da justiça. É por isso que a Justiça é um poder e a imprensa um contrapoder."

Eu sublinho toda a opinião publicada respondendo assim à eventual posição (enquanto jornalista) de Rangel sobre a publicação ou não das escutas a Vara em conversas com Sócrates, referidas num post anterior.

Impostos sobem ou nao?

A mesma notícia. Diferentes interpretações. Pontos de vista opostos.

Segundo o jornal i, os impostos provavelmente sobem.





Na interpretação do Jornal de Negócios, os impostos não deverão subir.



No Diário Económico, aposta-se na dúvida da subida dos impostos.



Jornalismo Sério.

José Alberto Carvalho, jornalista e director de Informação da RTP, foi o entrevistado de Diana Margato do Jornal de Notícias na edição de hoje. Numa entrevista onde se discutiu jornalismo, os problemas dos media e a sua influência actual, o jornalista apresentou-se sério, claro e objectivo. Explicou as acusações de parcialidade política na cobertura da RTP e as queixas que chegam à Entidade Reguladora da Comunicação (ERC), tendo a humildade de reconhecer as nódoas negras que todos os dias marcam o jornalismo. Uma conversa de jornalista para jornalista, onde se admitiu falhas na profissão comportando um sentido ético e uma visão mordaz dos desafios que o jornalismo televisivo atravessa.

A entrevista merece um minuto de atenção e pode ser vista aqui.

Faço apenas um reparo à escolha do título. Foi infeliz.

Andar na Independente, Inspira-os!


No curriculum do suspenso Vice- Presidente do Millenium BCP, há um pormenor importante. Armando Vara pós-graduou-se antes de se licenciar na Independente. Provavelmente o problema estava nos atrasos na secretaria da universidade para passar os diplomas de curso!


Definição
: O ensino de
pós-graduação é aquele destinado aos indivíduos que possuem diploma universitário (bacharelado, licenciatura, Tecnólogo).

Na Independente, os alunos já entravam mestres!

E Ainda Sobre o Primeiro - Ministro...

A edição desta semana da revista Sábado, vai levantar mais polémica.
O director desta revista vai passar a ser manipulador.



(Ou não?)

Os Socialistas e a Comunicação Social

No programa de hoje da RTPN, "Directo ao Assunto", Emidio Rangel fez uma pequena declaração que me pôs em dúvida. Durante o programa, o apresentador, João Adelino Faria pergunta como reagiria Rangel, enquanto jornalista, se uma determinada fonte revelasse que existiam escutas a Sócrates no processo Face Oculta a serem analisadas. Ao que o ex-jornalista responde:"Se me chegasse isso às mãos não publicaria nada, porque quem me desse essa informação estava a cometer um crime [violação do segredo de justiça] e portanto, eu estaria a infringir o código deontológico"


Depois destas declarações, pergunto: Será contrário ao código deontológico do jornalista revelar informações das fontes que quebrem o segredo de justiça?
O jornalista terá também de se preocupar com a violação das regras judiciais que as próprias fontes rompem?

Uma boa parte deste governo gosta de desviar as atenções. Neste momento o vulto vira-se para o segredo de justiça, quer por parte dos jornalistas, quer pelos próprios agentes judiciais do Ministério Público. Assim sendo, que não seja apenas a Comunicação Social acusada de insultuosa- como diz Sócrates.

(Antes, Carlos Abreu Amorim, jurista e professor académico disse: " Não vale a pena mudar a lei porque ela nunca vai ser respeitada". )

Futebol de Guerra

Três jornais desportivos diferentes. Iguais formas de escrever manchetes. Hoje, iguais linguagens. A união que a selecção faz...


A "Suspenção" de Armando Vara

"Numa carta dirigida ao presidente do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) do BCP, Armando Vara faz questão de sublinhar a sua inocência". Por sua vez, eu faço questão de sublinhar os erros ortográficos do Exmo. Doutor.

Fonte: Expresso


Ai Portugal , Portugal!

Fazia o ano de 1982 e Jorge Palma questionava numa das suas novas letras "Ai Portugal, do que é que tu estás a espera?". Quase 30 anos depois, imponho a mesma pergunta.
Dois meses após as eleições e José Sócrates é uma vez mais bombardeado por escândalos políticos.
Culpado ou inocente, a verdade é que a justiça não consegue provas. A instituição em que José Sócrates tanto acredita, acusa-o de manobras arriscadas que poderiam comprometer a sua actuação como primeiro - ministro. No entanto, até agora, o socialista saiu sempre ileso. Desde o caso de fraude na sua licenciatura que a comunicação social é acusada pelo governo de ser manipuladora, falsa e insultuosa. O primeiro acusado foi o jornal Público, a segunda a Tvi e agora, o terceiro, o jornal Sol. Se todos estes jornalistas estão a perseguir o ministro, então eu pergunto: quem estará a pressioná-los e quem terá mais poder opressivo do que o próprio governo ou as entidades públicas junto dos meios de comunicação?
Mais longe acredito que a corrupção está de tal forma enraizada nos portugueses, que se tornou um problema cultural e social. O sistema do "xico-esperto" é o mais eficaz antes de qualquer outro sistema político, económico ou judicial competente. Nada se consegue provar porque os "xicos" do governo, elaboram leis à sua medida, facilitam os esquemas dos "xicos" mais pequenos e a verdade é que a maior parte do eleitorado deseja ser tão ou mais "xico" do que eles.
Já não consigo perceber se a causa está na falta de cidadania das pessoas, se está na influência da comunicação social ou se o problema surgiu da comodidade económica que se instalou na vida dos portugueses desde o 25 de Abril até ao surgimento da crise, em 2000, que não os deixou lutar por um sistema mais justo.
O que me parece é que cada um olha por si e já não há ninguém que olhe por todos. A prova disso está na reeleição de Sócrates depois de todos os casos que deveriam pôr a sua credibilidade em causa. O menino de ouro do PS consegue maioria depois de estar envolvido em inúmeros escândalos que escaparam das mãos dos investigadores, dos jornalistas e da oposição. Agora há incêndios por explicar que eliminam provas no caso Freeport. Há datas estranhas no "canudo" da licenciatura. Há influências misteriosas em decisões que passariam pelo primeiro- ministro, que ele diz não ter conhecimento.
Hoje, continuámos à espera da credibilidade nas pessoas que aos poucos foi perdida. Eu apenas sublinho que corrupção gera corrupção e Portugal está num jogo onde vai sair perdedor.

Mesa de Cabeceira

"Creio que para fazer bom jornalismo devemos ser, antes de mais, homens bons e mulheres boas: seres humanos bons. Pessoas más não podem ser bons jornalistas. Se formos boas pessoas podemos tentar entender os outros, as suas intenções, a sua fé, os seus interesses, as suas dificuldades, as suas tragédias. E, tornarmo-nos, desde o primeiro momento, parte do seu destino.
(...) Nesse sentido, a única maneira de fazer bem o nosso trabalho é desaparecermos, esquecermo-nos da nossa existência. Nós só existimos como indivíduos que existem pelos outros."

In Os Cínicos Não Servem Para Este Ofício. Ryszard Kapuściński

Copo meio vazio


Ainda o meu dia não terminou e escrevo, antes do merecido descanso, algumas palavras sobre a notícia de abertura do Telejornal da RTP1 de hoje, dia 6 , a mesma que fez manchete e capa do semanário Sol desta semana. A notícia relata que as conversas de Sócrates com Armando Vara vão ser analisadas pelo Procurador na sequência das investigações da PJ. Em primeira leitura o título salta à vista, depois de se ler ou ouvir a notícia, nota-se que simplesmente não é notícia. Sócrates não é acusado pelo telefonema de ligação nenhuma com o caso "Face Oculta", nem existem indícios aparentes de que o conteúdo da conversa tenha influência alguma sobre este caso. Existe sim, também pelas palavras do primeiro- ministro, uma amizade de longa data com Armando Vara, militante do PS. Mas isso, por si só, incrimina o socialista? Eu penso que não. Refere ainda o semanário que o conteúdo do diálogo baseia-se no caso da venda da TVI à Ongoing e nada , para já, aponta para conversas com Vara sobre os negócios da "teia tentacular" ou até mesmo eventuais novos casos de manobras políticas. Não estará o jornalismo percipitado? Estou certa de que este assenta em provas concretas e não em indirectas suposições. Se há notícias sem conteúdo? Há. Mas fazer delas abertura de telejornal ou capa de jornal é incompreensível!

No entanto, esperemos novos desenlaces...

E quando nem as fontes se entendem...

Dando uma olhadela nos jornais do dia 5 de Novembro (ontem) aquando da suspensão das funções do presidente da REN, José Penedos, continuei sem compreender se o Estado já entrou em acordo com os principais accionistas e suspendem funções ao presidente até segunda-feira, se sai pelo próprio pé ou se Penedos fica à espera de ser julgado. As fontes - anónimas por sinal- não entram em consenso, os jornais não têm certezas e nós ficámos sem saber.


Excerto da notícia no Jornal i

"Decidido. José Penedos vai deixar presidência da REN

A demissão de José Penedos está iminente. Antes de segunda-feira, o presidente da REN suspende funções.

(...) Segundo fontes contactadas pelo i, a decisão já está tomada, devendo ser comunicada nos próximos dias, "até à próxima segunda-feira".

Notícia do DN Economia

"
José Penedos resiste à pressão para sair da REN
(...) A questão em aberto é, apenas, o momento em que a decisão deve ser tomada caso o gestor não a tome. "Pode ser antes ou depois de José Penedos ser ouvido" como arguido, admitiu fonte da REN. "


Resta-nos aguadar...

A nova do Público

Bárbara Reis é a nova directora do Público. A partir de hoje o editorial é escrito pelo Gabinete Editorial composto pela direcção e mais cinco jornalistas, pretendendo que este expresse os pensamentos do jornal como instituição e consiga repor a confiança dos leitores. "O leitor encontrará a partir de hoje pequenas diferenças através das quais queremos exprimir este novo começo", refere a jornalista.


Seja benvinda, Bárbara!