Ai Portugal , Portugal!

Fazia o ano de 1982 e Jorge Palma questionava numa das suas novas letras "Ai Portugal, do que é que tu estás a espera?". Quase 30 anos depois, imponho a mesma pergunta.
Dois meses após as eleições e José Sócrates é uma vez mais bombardeado por escândalos políticos.
Culpado ou inocente, a verdade é que a justiça não consegue provas. A instituição em que José Sócrates tanto acredita, acusa-o de manobras arriscadas que poderiam comprometer a sua actuação como primeiro - ministro. No entanto, até agora, o socialista saiu sempre ileso. Desde o caso de fraude na sua licenciatura que a comunicação social é acusada pelo governo de ser manipuladora, falsa e insultuosa. O primeiro acusado foi o jornal Público, a segunda a Tvi e agora, o terceiro, o jornal Sol. Se todos estes jornalistas estão a perseguir o ministro, então eu pergunto: quem estará a pressioná-los e quem terá mais poder opressivo do que o próprio governo ou as entidades públicas junto dos meios de comunicação?
Mais longe acredito que a corrupção está de tal forma enraizada nos portugueses, que se tornou um problema cultural e social. O sistema do "xico-esperto" é o mais eficaz antes de qualquer outro sistema político, económico ou judicial competente. Nada se consegue provar porque os "xicos" do governo, elaboram leis à sua medida, facilitam os esquemas dos "xicos" mais pequenos e a verdade é que a maior parte do eleitorado deseja ser tão ou mais "xico" do que eles.
Já não consigo perceber se a causa está na falta de cidadania das pessoas, se está na influência da comunicação social ou se o problema surgiu da comodidade económica que se instalou na vida dos portugueses desde o 25 de Abril até ao surgimento da crise, em 2000, que não os deixou lutar por um sistema mais justo.
O que me parece é que cada um olha por si e já não há ninguém que olhe por todos. A prova disso está na reeleição de Sócrates depois de todos os casos que deveriam pôr a sua credibilidade em causa. O menino de ouro do PS consegue maioria depois de estar envolvido em inúmeros escândalos que escaparam das mãos dos investigadores, dos jornalistas e da oposição. Agora há incêndios por explicar que eliminam provas no caso Freeport. Há datas estranhas no "canudo" da licenciatura. Há influências misteriosas em decisões que passariam pelo primeiro- ministro, que ele diz não ter conhecimento.
Hoje, continuámos à espera da credibilidade nas pessoas que aos poucos foi perdida. Eu apenas sublinho que corrupção gera corrupção e Portugal está num jogo onde vai sair perdedor.

1 comentários:

the blogger disse...

belo post! *

:)

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