Dá que pensar...

"O poder de informar, tal como o próprio poder político, é na actual sociedade complexa um poder diluído"
Paquete de Oliveira, Idem. 29 de Outubro

Serviço Público?

A recente "notícia" de que a actriz Maitê Proença achincalhou o povo português ganhou tempo na televisão pública. O que podia passar apenas na blogoesfera ou na imprensa côr-de-rosa, passou a ser notícia de telejornal. Parto do princípio que interessará as massas?! Não creio. Encaro esta situação como uma bela jogada emocional, com dois povos irmãos em campo, que atrai, evidentemente, audiências.

Sabia de um burburinho qualquer acerca da denominada "notícia". Não prestei muita atenção. Para além de não saber de que actriz se tratava, não considerei importantes as opiniões de uma actriz brasileira.Infelizmente, Maitê, não abalou com o luso-patriotismo de toda a nação- se era essa a intenção da actriz, como dizem.

Hoje li no jornal
Público um artigo de opinião- por sinal muito bem escrito- de Miguel Gaspar que ridiculizava a situação."O que ainda é mais escandaloso neste escândalo é que esse insulto à liberdade de alguém dizer o que pensa tenha sido reconhecido e legitimado, na saloice das televisões, no pedido de desculpas da embaixada brasileira- e no também imperdoável pedido de desculpas da actriz brasileira", escreve o jornalista.

Creio que é, igualmente, dispensável espaço num jornal para um comentário sobre este caso. No entanto, não posso deixar de elogiar o artigo, partilhando, inteiramente, da mesma opinião: cada um tem ou pelo menos, ainda tem, liberdade de expressão em território português, penso.
No entanto, a já gasta "asfixia democrática" abatida de Ferreira Leite, aparenta intimidar além-fronteiras.


Afinal, quem os entende?


Título Jornal de Negócios, 20 de Outubro

"Cavaco ganha em todos os cenários

Jorge Sampaio é o único dos socialistas de que se fala que poderia roubar a Presidência da República a Cavaco Silva. De acordo com a sondagem da Aximage para o Negócios, o antigo Presidente arrecada 44,8% das preferências dos portugueses, contra 47,4% de votos no actual Chefe de Estado, Cavaco Silva."


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Título Jornal de Negócios dia 19 de Outubro.


"Cavaco Silva recebe chumbo histórico dos portugueses em Outubro

Pela primeira vez em muitos anos, a actuação de um Presidente da República é avaliada negativamente pelos portugueses. Talvez tivessémos que recuar ao período pós-revolucionário para eventualmente encontrarmos uma avaliação igual."



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Título Público no dia 20 de Outubro.

"Baixa de popularidade de Cavaco Silva pode ter implicações nas próximas presidenciais

Estudo da Aximage para o Jornal de Negócios considera que o Presidente da República agiu mal no caso da alegada vigilância a Belém "



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Dúvidas:
O problema é das sondagens ou de como as interpretámos?
Escrevem-se títulos com perspectivas tão distintas no espaço de um dia, porquê?



Da Profissão aos Limites.



É seguro que o jornalismo transformou-se com o mundo digital. Há quem anuncie uma morte lenta dos meios de comunicação convencionais mas, pior, já há quem assassine a profissão - com a banalização do cidadão repórter, por exemplo. Esquecem-se de que o jornalismo tem regras. O jornalismo adaptou-se ao progresso como o homem se adaptou à roda. Contudo, tal como qualquer engenho inicial, não morreu.

A evolução faz parte do processo civilizacional que não há de parar e que não pode parar. Fazer jornalismo tornou-se, hoje, um desafio onde os profissionais se guerrilham pela forma mais rápida e mais económica de passar informação. A mais rápida, porém, pode não ser a melhor.

Faço querer que os blogs são complementos do jornalismo. São espaços opinativos que contribuem para uma maior aproximação entre os cidadãos e entre estes e os profissionais que trabalham para eles. É um espaço de debate, onde entre múltiplos post´s se encontra uma fenda de novidades. No meu entender, os cibernautas tentam encontrar perceber os factos a partir das opiniões dos bloggers. Não procuram notícias.

Como adepta do jornalismo em formato papel, este espaço será mais uma forma de debate do que de novidades. Procurarei cobrir, com a minha visão pessoal, os fenómenos que todos os dias nos atravessam e que por vezes só conhecemos pela divulgação mediática, sem ponderarmos.

Na verdade o jornalismo não é isento. As entrelinhas dão opiniões e expressam pontos de vista. Nesta medida, é urgente uma participação cívica e crítica mas que não arrase com o profissionalismo. Todos temos direito à informação e o jornalista é, em primeira instância, o alicerce que suporta uma sociedade democrática. Não os abafem!